13 de agosto de 2009

Eu amo

O que é a comoção? O que é mover-se?
O que é ser, normalmente e sem se preocupar? Se o momento em que mais sentimos que estamos sendo é o momento anormal, é o momento excepcional, é o momento diferente? O que é ler, e se emocionar? E lembrar, revisitar os quartos bagunçados da nossa memória e encontrar uma carta de amor, um cartão de aniversário, um livro precioso?

O que é olhar para si, e se odiar por ter testemunhado a eternidade se dissolver e ter agido, covardemente, com a razão, ao invés de achar o fim do amor o maior absurdo de todos?
O que é ler uma carta antiga, de uma antiga "ela", ou de um antigo "eu", ou, até, de um novo "ele"? E se emocionar, e sentir falta, e saudades, e sentir, sentir, sentir, sentir, sentir?

O que é ter teu nome numa deidcatória de um texto apaixonado? Ou saber que tua eternidade ainda está por vir, numa certeza esperança de que um novo amor irá surgir. E mesmo quando este não se vislumbrar, os antigos hão de fazer companhia! Pois eis que és um sortudo, com teu nome eternizado pelos amores e experiências que tiveste, que sentiste, que viveste, que foste.

Que, no final das contas, és.

Eu sou, também o querer ser, mas o fui. O que eu fui continua a constantemente me moldar, constantemente me ajustar, me ajudar, me infernizar. O desprendimento total para com o passado é impossível, a tradição tem um porquê de ser.

Pois sou o que tradicionalmente sempre fui, somado às traições que cometi.

E me comovo, por entrar em contato com esse sentimento apaixonado, verdadeiro, e intenso, que novamente me faz viver, e viver aqui e agora. Ser.