22 de maio de 2013

Escondendo as morais com a moral

Não se percebe as falhas nos troncos quando se olha uma floresta. Estar em um grupo significa: olhar-se de mais longe. O jeito mais fácil de sentir-se bom é: fazer parte de um grupo que diz "Eu sou bom".

20 de maio de 2013

Amar é...

A alma se curando por dentro.

19 de maio de 2013

Amor de filósofo

Serei pai do seu filho, meu amor. E isto não é apenas um desejo meu - é um destino que se realizará. Porque, se eu não for o pai biológico dele, serei-lhe igualmente paternal ao ser pai de seu espírito.

Porque, se eu não for seu amante - serei filósofo. E você não terá a coragem de negar ao seu filho a leitura de meus livros. Não, você sentiria isso como uma vergonha. Talvez você não leia os meus livros - não me importo, não os escrevo para você! - mas o seu filho os lerá! E, através dele, você vai continuar me amando. Eu criarei seu filho através das leituras que ele fizer de mim. E eu lhe ensinarei a enfrentar a vergonha e o medo, e eu o ajudarei a amar.

E aos outros que estão revolvendo meus baús com minhas cartas de amor: por um acaso ofendem-se? Acham-me um monstruoso por admitir um amor assim, autoritário violento e mau? Um amor que não deixa abertas escolhas, que desrespeita decisões, que não se importa de ser monstro? Mas não é assim - o amor?!

Jovens "alienados"!

'Nossos pais lutaram muito para que chegássemos onde estamos' é o que parecem dizer todos esses velhos que nos chamam - ora: nos acusam! - de "alienados". 'É nosso dever, enquanto pais de nossos tempos, cuidar para que o mundo não se perca', eles continuam, pra lá e pra cá, geração após geração - não se calam! Há pelo menos duzentos anos os jovens vêm sendo chamado de "alienados", sem poupamentos. Ora, ora!, mas não havia alienados antes do século XIX! Vocês se dizem pais para esconder o fato de serem filhos! Filhos do século XIX! Nem direi nada sobre aqueles, dentre meus colegas, que são antigos, mas que se olhe à minha volta todos os que são barrocos, os que são renascentistas!! Que nos importa o seu tempo?, que nos importa onde chegamos?, que nos importa sermos alienados de nossa época? Não conhecemos esse sentimento! Não pertencemos à mesma época que vocês! Recusamo-nos a ser, como vocês, filhos de nossos pais!

Um homem de poucos bens

Tenho apenas três coisas  - meu amor, - meus textos e - meus amigos. Sou mesmo um afortunado.

Violência assistida

Estupro é o que nos impede de sair de nós mesmos. Muitos são os que estupram ao amar, e o pior  - com consentimento!

10 de maio de 2013

Os meus textos se remetem a erros que cometi e são destinados a pessoas que amei.

6 de maio de 2013

Confiar é abandonar

O que significa confiar? Quem diz ‘Eu confio em você’, está dizendo: ‘Acredito que você vai tomar a decisão correta’. E se você realmente acredita – se você realmente confia – em alguém, então você não precisa ajudá-lo a tomar nenhuma decisão. Confiar totalmente em alguém é deixá-lo sozinho – como o pai que solta a bicicleta, porque confia que o filho vai conseguir. Confiar é soltar. Confiar é abandonar.

O maior de todos os abandonadores é Deus. Porque Ele fez os homens e depois se foi, dizendo: ‘Confio que fareis o bem’. Deus acredita que faremos um bom uso de nosso livre-arbítrio e que usaremos de nossas capacidades para fazer as coisas certas e boas. E ele não confia e fica olhando! – como a mãe que apenas finge que confia no filho brincando, mas segue-o, nervosa e impecável, com o olhar – não! Deus confia totalmente em nós. Isto é: Deus nos abandonou.

Pensam, meus amigos, que faço aqui um elogio ao abandono? Não mesmo. Trata-se, antes, de uma crítica à confiança! Eu tremo só de imaginar o que seria de nós, caso nossos artistas e pensadores tivessem confiado no mundo e nos homens; o que seria de nós, se tivessem dito “minhas obras são desnecessárias, porque acredito que o mundo vai se ajeitar sozinho”?! Não! Nós, artistas e pensadores, precisamos desconfiar do mundo e dos homens; não acreditamos que seguirão, sem a nossa ajuda, o melhor caminho. Nisso é necessário que sejamos mais responsáveis do que Deus.

Porque eu estou cansado de ver homens se colocando na posição de Deus e “confiando” em outros homens e no mundo, esses que acreditam que “tudo ficará bem no final”, esses que acreditam que “o tempo cura”, esses que escolhem trabalhar de 8h às 18h, esses que não checam o dever de casa dos filhos, esses que não questionam a escolha da profissão dos amigos, esses que têm medo de se intrometer – a confiança que depositam nos outros é a sua desculpa para que se abstenham de cuidar deles. Esses confiadores, esses respeitadores, esses -  - abandonadores! Não confiar: ajudar! Chega de deixar os outros sozinhos. Que confiemos nos nossos pais ou em nossos ex-namorados! - mas de nossos amigos, de nós mesmos, dos nossos amores? Desconfiar sempre! Porque de outro modo seria um crime. De outro modo seria um abandono.

É por lealdade e por amor que desconfiamos de uma mulher. E aqui, como em todo lugar, amar uma mulher não está muito distante de amar a verdade: é preciso fugir das contradições, ser sincero e leal, aliar-se à justiça, buscar o prazer e a liberdade, atentar-se aos detalhes, buscar o que há por debaixo, não ter vergonha da nudez, fazer-se belo, divertir-se com ela, brigar por ela, render-se a ela, olhar as nuvens e sorrir. Não pode ser bom filósofo aquele que tem medo de mulher.