19 de maio de 2013

Amor de filósofo

Serei pai do seu filho, meu amor. E isto não é apenas um desejo meu - é um destino que se realizará. Porque, se eu não for o pai biológico dele, serei-lhe igualmente paternal ao ser pai de seu espírito.

Porque, se eu não for seu amante - serei filósofo. E você não terá a coragem de negar ao seu filho a leitura de meus livros. Não, você sentiria isso como uma vergonha. Talvez você não leia os meus livros - não me importo, não os escrevo para você! - mas o seu filho os lerá! E, através dele, você vai continuar me amando. Eu criarei seu filho através das leituras que ele fizer de mim. E eu lhe ensinarei a enfrentar a vergonha e o medo, e eu o ajudarei a amar.

E aos outros que estão revolvendo meus baús com minhas cartas de amor: por um acaso ofendem-se? Acham-me um monstruoso por admitir um amor assim, autoritário violento e mau? Um amor que não deixa abertas escolhas, que desrespeita decisões, que não se importa de ser monstro? Mas não é assim - o amor?!

3 comentários:

  1. O pai ou filósofo é capaz de ensinar medo ou vergonha, e não sobre medo e vergonha...

    Pois se é dessa forma, sou teu pai tanto quanto será pai dessa filha.

    Há só amor nos monstros, ou sua qualidade está em ter mais sentimentos possíveis que amor ou desamor?
    Ouso, com consciência da sua violência vindoura, de chamar esse amor de um ódio didático...

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  2. Mas, monstro... Nós já não discutimos isso? Se há sentimentos possíveis "além de" amor ou desamor? Mas amor não é um sentimento! E por isso mesmo todos os sentimentos podem coexistir com ele, incluindo o ódio!

    Sobre o meu suposto didatismo - tu achas mesmo que a minha vontade de ser professor supera a minha vontade de amar? É por amor que eu virei professor, por amor!

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  3. Fale-me sobre "amor não é um sentimento".

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