15 de dezembro de 2009

Que se dane (?)

E agora, o que eu faço?


11 de dezembro de 2009

Aspas

As aspas servem pra deixar-me um pouquinho mais leve.

"Contemplo a página em branco, nervoso, um pouco tremendo, sei que existem algumas palavras loucas para sair à superfície do papel, das minhas mãos, as pontas das canetas. Sei que essas palavras são bonitas, porque são verdadeiras, mas sei que elas me enchem de medo, porque são verdadeiras. Talvez algum trauma passado tenha me imposto esse medo, essa hesitação, esse tremendo, na minha relação com as verdades sobre mim. Muitas vezes o que me separa da felicidade, é um pouco de mentira.

Sei também que não posso escrever essas palavras. Não sei por que, mas sei que não posso. Talvez eu não esteja preparado, talvez simplesmente não tenha o direito.

Agora, isso não me impede de senti-las, as palavras, borbulhando sob a minha pele, apertando-me a corrente sangüínea, fazendo bater meu coração, e levando-me oxigênio: o gás que serve à destruição, à quebra energética do que eu comi. As palavras são o agente do oxigênio: pegam o que eu comi e transformam em energia utilizável.

E essas palavras são pesadas, são difíceis, estão presas também, os presos são difíceis. O peso talvez nada mais seja que a leveza sendo presa: se a leveza do mundo fosse condensada em um único ponto, teria-se o bigbang, que é super pesado, apesar de ser só a soma de todas as levezas. Ou talvez o big bang seja leve, eu não sei, não estarei lá pra vê-lo.

Eu estou é aqui, vendo o big-bang que acontece dentro de mim, vejo as palavras que deveriam ser leves se juntando e ficando pesadas. Embora eu não possa escrevê-las, eu sei que quando escrevo sobre elas, um pouco delas escapa, e eu fico um tico, só um pouco, mais leve. Isso é bom. Escrevo, não para expulsá-las, ou pra diretamente escrevê-las, mas para servir-lhes uma ponte, pela qual possam depois não agora sair. Um mero caminho.

E de repente, no meio das minhas palavras, várias já escapuliram, elas saem pelas entrelinhas, pelos títulos, pelas vírgulas e pontos, estão em todo o lugar, são o que está além das palavras, porque não podem ser elas mesmas. De repente no meio das minhas palavras, eu estou um pouco mais livre (um pouco mais leve), menos condensado, mais etéreo, mais espacial, maior e mais apto a conquistar o mundo. Um dia eu vou ser leve com as nuvens e simplesmente ser, como elas, ser ursinhos para as crianças e tempestades para os românticos. As nuvens são incríveis, não são?

Serei também invisível para aqueles que só conseguem ver beleza num dia todo azul. São aqueles que não aprenderam a apreciar o que não é claro, o que não é uniforme, o que é algodão-doce, que fica na frente do sol. Não os culpo, também gosto de dias azuis, sem nuvens. Mas os dias nublados são tão especiais.

No entanto eu ainda não sou leve como as nuvens. Talvez o seja como algumas árvores, que balançam ao vento, sem sair muito do lugar, apenas se mexendo, animadas pela brisa divina. O meu medo é o de ter fixado minhas raízes fundo de mais, sem ter me concentrado na minha copa, como uma xerófila, que só encontra água onde é mais profundo. Ah, não, um dia quero florescer, quero chegar ao céu, me aproximar das minhas companheiras nuvens.

Quero tanta coisa, eu, musgo da pedra. Quero escrever. Sinto muita necesisdade de escrever, uma pena que não possa. No entanto vou aos poucos estabelecendo o caminho, por entre textos e não-textos, numa ainda mais misteriosa esperança de um dia florescer. Sou as árvores, as nuvens, as catingas, sou a esperança, as palavras e o oxigênio, sou início, meio e fim, sou apenas o fim. Sou a lágrima que deixei cair."

E esse é um texto triste.

7 de dezembro de 2009

Crítica à melancolia gelatinosa

[perdi a(s) primeira(s) parte(s)]

[…] Ainda mais essencial à minha sobrevivência do questes outros. Por isso também tem crescido meu interesse por biografias, quero tanto que escrevam minha história, às vezes escrevo só para dar conteúdo a meus biógrafos. Olha que inversão cega, esdrúxula!

A verdade é que pouco a pouco nos meus tédios e nos meus ócios, nas minhas leituras e nas minhas terapias, nas minhas paixonites e também nos meus amores, vou cultivando os meus escassos meios de responder a essa questão “de que tenho medo eu?”, uma questão tão fundamental para que eu chegue ao místico “quem sou?”, que promete ulisses.


Eu tinha que fazer gelatina, mas não tem. Tampouco tenho fotos.


Não estou empunhado de meus algodões-doces, é verdade, mas tenho penas e pincéis, com os quais vou-me desenterrando e pintando, descobrindo-me, formando-me. É, é verdade. Todo esse blog, toda a minha “obra”, a minha pouca embora valiosa arte, é uma constante reiteração disso, enfatização dessas perguntas, este meu querer ser.

Quem sou eu? disse por último, antes que as palavras se perdessem num vácuo de levitação. Apaixona-te!, faz tua aprendizagem, ouviu sussurrar. Talvez tenha sido o vento.

6 de dezembro de 2009

Gelatina d'Arte

Ainda me surpreende, e com freqüência considerável, o fato de que das cirscunstâncias mais esdrúxulas, dos tempos mais estranhos, ou da falta deles, às vezes do tédio, às vezes como que do nada, parecem vir-nos as mais interessantes certezas: certezas, porque, sendo pequenas loucuras, não vacilam como fazem outras partes de nós (como aquelas que fazem escolhas e emitem julgamentos). Ah, não, dessa parte esdrúxula e inprevisível de nós só podem surgir coisas que escapam à normalidade e à sanidade dos homens.

E de repente, percebe-se, o mundo todo está afundado, como que embrenhado de um líquido que – enquanto o sustenta numa posição falsamente estável (imagine uma gelatina contendo um barco) – faz dele o mais inavegável dos meios de transporte, mas também o mais saboroso: nos momentos esdrúxulos e nas circunstâncias estranhas sem o tempo, o mundo é feito de gelatina. E então, dessa gelatina, que também nos compreende e compõe (pois somos o barco e também aquilo com o que o envolvemos); dessa gelatina, parecemos extrair aquilo que enquanto artificial e estranho ao nosso barco, parece perfeitamente o complementar.

Extraimos de nossa gelatina a sobremesa de nossa navegação – não o prato principal, majestoso, pesado e imponente em si – mas aquilo que parece encerrar o nosso desejo, nossos anseios, nossa fome, aquilo que, esperançamos, vai saciar-nos para sempre. E não parece incrível, que, embora lidemos todos os dias com nossos pratos principais e nossa ânsia de tê-los em nossos estômagos, parecemos sempre insensíveis a todas as sobremesas que nos envolvem, e sempre surpreendemo-nos quando alguém nos oferece dela?

Ou quando nós mesmo no-la oferecemos.

Acho que é isso. Só mesmo uns rabiscos sem sentido – do jeito que a lógica que não precisa fazer sentido manda –, uma mini festa no meu apê de desorganização metida a irracional, visando a mostrar, a mim e meus outros eus, meus leitores e meus bisnetos, que… a gelatina é gostosa, sabe? E que às vezes encontramo-a quando menos esperamos. E ela é saborosa e doce, e que eu consegui encontrá-la.


4 de dezembro de 2009

Pequena Comédia

Quando abre os olhos, o inteligente sente-se triste e culpado pelo tempo que passou com os olhos fechados.

Besta! Será que não percebe que é impossível espirrar com os olhos abertos?


13 de novembro de 2009

My gosh, I'm in love with all these people...

Ah, tá.

É só bom lembrar às vezes, que eu não sou poeta, não sou escritor, não sou filósofo.

Il y a des temps où on peut toucher l'éternité

5 de novembro de 2009



Quanto tempo demorei p’ra perceber
que
meu amor à prosa era
senão
desconforto com a poesia

esta
que, na verdade, é: isso
, pois,
que flui, que percorre-
-me
que me inunda
é
um medo
de ver nas palavras o seu verdadeiro significado
delas
o verdadeiro insignificado
(Deus, que significa? Nada: mas insignifica tudo)
Caneta, pena, lápis, lapiseira, giz, lâmina.
insiginificantes
poeira
poesia
o medo condensado em prosa;
liquefação das frases
que insignificam,
poesia

4 de novembro de 2009

Lévi-Strauss ( * 30 October 2009)



Eu não ia colocar isso aqui; ia mantê-lo só pra mim, eu e minha varanda, minhas estrelas, meu chôro.
Mas não.

Eu oro, sim.

* As estrelas representam melhor a morte que as cruzes, até porque - acabei de estudar física - quando olhamos as estrelas, estamos vendo-as no passado...
(6 novembro 2009)

14 de outubro de 2009

Algodões-Doce

Sabe qual é o problema com esse blog?


O problema é que ele é um ponto cego. Virou um ponto cego e nulo. A minha desorganizada festa irracional do nada parou de ser uma apologia dionisíaca às coisas que não sei explicar e passou a ser uma desculpa tosca para que eu pudesse colocar em palavras as coisas que, na verdade, não quero ler.

O blog passou a dificultar minha própria leitura, passou a funcionar como um espelho SUJO. E não mais como um espelho retorcido. Não tenho nada contra espelhos retorcidos – eles nos dão verdades retorcidas, mas tão verdadeiras quanto quaisquer outras verdades. Agora espelhos sujos, esses são nojentos!, porque, podem mostrar a verdade que for, eles sempre a obscurecerão.

Aquela ponta de sujeira sempre sujeitará a beleza que se esconde no espelho à mais horrível das feiúras. O belo ficará distante e a verdade terá um empecilho - sujo, feio e nojento – no seu caminho.

“Sabe qual é o meu problema?”, a frase que ia ser a segunda desse texto, de tão natural que ela flui. Todo mundo se faz essa pergunta, e quase todo mundo a faz a um outro alguém, em algum momento. Aquele momento de indignação, de raiva, de explosão para consigo mesmo. Sim, o momento que, espero, há de arrancar minha sujeira no grito.

O meu problema vírgula porra em maiúsculos ponto de exclamação vírgula é que, não bastando a minha criatividade na hora de retorcer todas as coisas (o que é tudo bem!!!, eu já admiti que tudo bem com verdades retorcidas!), eu pareço insistir em sujar as coisas que toco. Sujo-as voluntariamente, sujo-as por medo.

Na verdade, é como se eu me escondesse atrás da sujeira.

É bem possível que a sujeira não esteja no meu espelho, mas que eu a carregue comigo, e a coloque em toda coisa-espelho desse mundo, sempre me escondendo do possível reflexo meu que aquela coisa irá refletir.

Meu sonho é ter um espelho plano. É bem mais fácil de limpar as sujeiras.

Os meus espelhos são todos cheios de pontas, angulares agudas, afiadas. Meus textos são espinhentos, e difíceis de limpar. Cada vírgula um espinho.

O meu problema é que eu insisto em fazer das coisas espinhos.

Esse blog é uma bola de espinhos. E se eu não tivesse uma idéia clara de que precisamos manter aquilo de que não gostamos nem que só para nos deleitarmos com quão diferentes estamos, eu já teria deletado metade disso aqui. Ou pelo menos um terço.

Porque eu tenho raiva e indigação suficientes para perguntar-me “Sabe qual é o problema com isso aqui?”, porque eu estou negando o que é de ruim, eu estou negando meus espinhos, estou desesperado por aplainar minhas pontas. Quero chegar perto da verdade sem que para isso eu precise perfurar ou cortar, e quero poder me limpar, também.

O problema desse blog é que ele é sujo. O problema não é as palavras serem difíceis, mas é que elas não têm significado. Minha festa irracional da desorganização virou uma festa do nada sobre o nada.
e o problema não é que eu escreva o nada, eu gosto de escrever sobre o nada, porque ele nos lembra o tudo, e também porque ele nos lembra o sîlêncio.

O problema é que eu sujei o nada. O que significa que ele não é mais nada, ele é algo sujo. Então, eu perdi também a pureza. Isso, meus textos deixaram de ser puros. Passaram a ser… mestiços. Passaram a ser prole do nada com a sujeira. E o resultado é esse, a feíura condensada em raiva. Esse post, que nada diz ou nada faz. Apenas denuncia. Uma triste denúncia de mim mesmo.

E no entanto é necessária. É necessária porque ouço já agora os pássaros da primavera – a melhor estação, mesmo que seja quente – e devo-lhes um texto. Devo um texto que cante o canto dos pássaros da primavera. Devo um texto que cante o nada e o tudo presente neles, devo-me um texto que conte o canto dos pássaros, devo ao Friedrich um momento de paz que ele não gaste escrevendo, devo ao Friedrich uma puta, e devo a mim mesmo o prazer da beleza, que eu fui enxugando e matando aos poucos, através da feiúra dos meus espinhos.

Devo a minha alma, e devo o meu contato com a Clarice, e com o meu pesadelo. Hoje sonhei que eram eu e meu pai num cenário james bond, explodimos algo e nos “resgatamos”, e no entando ao explodir, o esgoto explodiu e tudo se encheu de vermes, muito grandes e muito nojentos. Quão verdadeiro não é esse sonho-pesadelo? Quantos não são os vermes que eu encontrei ao tentar explodir o mundo à minha volta, nessa suposta desorganização festiva do nada!?

Eu preciso é explodir as nuvens para que delas caiam algodões-doce! Eu preciso é explodir a garganta para que dela saia um grito verdadeiro – mesmo que de dor, que saia um grito verdadeiro, que não é sujo!. Eu preciso explodir são os holofotes, que iluminam nossas vidas e nos impedem de enxergar a noite, eu preciso explodir os cabelos das mulheres que me cercam, e agora eu não consigo justificar por que, mas não importa, porque sei que essa é uma festa desorganizada da irracionalidade de que eu gosto, que me apraz.

Porque não faz sentido, e no entanto sou eu que escrevo! Não são vocábulos initeligíveis que mal meus são! São palavras minhas, escrotas, feias, indignas, cruéis, ríspidas, nuas, cruas, mas que são minhas, que eu as percebo, as pronuncio, as cuspo, as controlo! São minhas, e só por isso já fazem sentido suficiente dentro da lógica de não-fazer-sentido.

Eu preciso é de uma amizade sincera, dessas que possam polir meu espelho, para que os silêncios sejam sentidos em plena consonância com o nada, e, aí sim, comover a mim e aos que me seguem, aos que me lêem, aos que de mim gostam. Eu preciso voltar a falar de mim, ou de Deus, ou talvez eu não deva voltar a falar de nada – talvez me reste só isso: a humildade para dizer “eu não preciso falar de nada” e permanecer-me então calado.

E tenho dito, humpf.

12 de outubro de 2009

Um feriado na Segunda.

Então, é segunda e eu tentei escrever. Porque foi uma segunda vazia, como os domingos, porque foi feriado.
Mas aí não consegui. Iria escrever sobre o nada, sobre os silêncios e sobre a importância disso. Ia dialogar com clarice. E ia ser bonito. Mas ai não fluiu. Então tentei outra coisa.






























9 de outubro de 2009

Diálogo com os deuses (?) – Meu encontro com Aphrodite #1

Na pequenez de mim mesmo em que me encontro, escrevo.

Além de permitir-me ser suficientemente grande quanto para acomodar a esse eu-que-não-cabe, a escrita permite tantas outras peripécias quanto couberem na folha de papel higiênico em que se escreve.

Nesse momento, a minha calma, que já aprendi ser tão perigosa quanto prazerosa (como são as transgressões!) [Será a minha calma uma transgressão disfarçada?], bem, a minha calma se transformou. E não mais cabe na palavra calma, a que eu havia a designado.

De repente, ela exige inúmeras outras palavras.
De repente, passa a ser silêncio, carência, nostalgia, até medo!

A mesma calma que pouco atrás era apenas ‘calma’ e ‘prazer’. Assemelha-se agora à angústia, e, já o disse, tenta ganhar o status de ‘transgressão’.

Que é ela, afinal?
Que estado é esse de agora que me faz escrever? Não é comtemplativa. É ativa. É calma, mas é ativa, ‘eu sou a calma’. (a calma que é silêncio, carência, nostalgia e medo, e que quer ser transgressão)

- Aparece em tua forma verdadeira, ó musa compulsória! Por que é que me obrigas a escrever-te? O que é que de mim exiges?

Há estados-momentos nos quais é tão essencial que eu escreva, que eu não vejo diferença entre eles e as musas, ambos devaneios-sensações que nos engolem, nós covardes arrogantes, e nos forçam a pensar o mundo sob o prisma delas (das musas).

Personificada, ela, jus à sua idealização (todas as musas são ideais… correto?), se me aparece em forma de mulher, seus contornos tão perfeitos quanto irreais, um esplendor só encontrado na Grécia Antiga e em suas deusas olímpicas.

“Estaria eu falando com a Beleza?” – Aphrodite, és tu?!

A que devo-te a honra?

(…)

Eros? Mas, mas… (silêncio)…
Pathos, é claro.
Agora, eros?
Tens razão, é claro (e como poderia discordar?, é uma divindade!), estou apenas boquiaberto, perplexo.
Mas, sim, é claro que concordo.

E ela se esvaiu, tão rápido quanto veio, tão incrível. Ela passara sua mensagem e seguiu.

A calma que eu sentia era de fato divina. A calma que era silêncio, carência, nostalgia, medo e que queria ser transgressão. Era divina, era Aphrodite. Era a beleza.

Só que eu estava ativo – certamente eu era belo a qualquer um que por ventura me percebesse, que se aventurasse a ser o sujeito ativo da beleza que eu estava emanando mas eu não via, eu não estava sendo o duplo sujeito da beleza, não era o belo a mim mesmo.

Mas vi, pelo espelho ao contrário que se tornou minha narrativa - que, num contato com a minha palavra, tornou-se divina e depois divindade - a minha beleza; tive um relance dela, arranquei-lhe um pedaço de certeza. Vi a Aphrodite que reinava secretamente no meu silêncio carente nostálgico medroso transgressor, calma!.

1 de outubro de 2009

(Rascunho) Friedrich (IV) - Trecho de Diário #1

Hoje, tendo achado um momento de paz dentro de tantas outras turbulências, permito-me o luxo de escrever. Pude pensar – e embora não uma tese deveras complicada ou difícil, é-me prazeroso escrevê-la nem que apenas para tê-la por registro de que a minha mente não morreu.

Também, escrever do modo como aqui pretendo lembra-me os tempos de Universidade… Uma gostosa nostalgia dentre tantas memórias contaminadas.

Aos pensamentos, pois:

É claro que, embora pensante, não me livro completamente da parte mais negra de mim, por assim dizê-lo. São precisamente as angústias, minhas, de que falarei.

Sei bem que todas elas - por mais que concentrem-se no campo mental, psicológico, pensamentoso - têm reflexos no corpo. A partir daí, distingui-as basicamente entre dois tipos.

Há aquelas, mais comuns, que aparecem-me como mera e genérica “dor de cabeça”; e outras, muito mais intensas e pesadas - tanto mais raras! -, que se mostram principalmente no coração e na caixa torássica que o envolve (por vezes comprimindo o diafragma e destruindo momentaneamente a minha capacidade respiratória). Haja fé na frieza matemática nessas horas!: só ela me proporciona algum conforto.

Não obstante o meu diploma – que valem eles aqui, afinal? – é desnecessário ser um doutor para que alguns detalhes se notem. O segundo tipo de angústia quase sempre possui uma ligação com um sentimento afetuoso, para com outro ser humano, geralmente um parente, ou de importância equiparável. Já notei pelo menos dois momentos em que pensei em minha mãe ou em Nicole, antes de um tal ‘espasmo angustioso’.

Já o primeiro poderia, por outro lado, ser causado por mero devaneio intelectual, estando a cura presa tão-somente ao intelecto; mais de uma vez se deu depois de uma falta de fé religiosa (algo freqüente num ambiente tão sem-Deus quanto o em que eu agora me encontro), ou um desafio à minha autoridade enquanto patente. Tão logo recomponho minhas convicções, a dor se esvai – como disse, tão unicamente uma angústia intelectual. Nos casos que citei, prováveis frutos da frouxidão de minha infância.

Tenho que ir, uma briga entre dois novatos me requer. Ridículos garotos acéfalos – nenhum jamais há de me proporcionar um diálogo que chegue aos pés do que eu mantenho nesse caderno!

Argh. Sôo louco…

F. Grundberg
19.05.43

22 de setembro de 2009

Contemplativa

Sabe?, a tristeza tem sim um quê de beleza. Ou talvez a beleza tenha um quê de triste. EIs uma questão que me foi posta antes, e que permanece.

A beleza talvez seja um estado contemplativo: nós somos sujeitos passivos da beleza, a ação dela é sentida por nós. Afinal, mesmo a beleza mais ativa, que é a própria - quando Eu sou bonito - , só é a partir do momento em que há um sujeito passivo, que a percebe. (Mesmo que o sujeito ativo e passivo sejam os mesmos: aí então sou bonito a Mim mesmo.)

Só se é belo potencialmente, pois apenas na presença de um outro, a beleza passa a existir, a ser bela.

E o que tem a tristeza a ver com a beleza, com sua contemplação? Também é a tristeza um momento, um estado, de contemplação? É preciso haver um sujeito passivo da tristeza para que ela exista?

Pouco sei. Sei que às vezes, como agora, sou triste de uma forma contemplativa. Fico percebendo a minha tristeza, brincando com ela, mexendo com sua vergonha - como se o faz àquele amigo nosso que não consegue dançar ou ir falar com aquela garota que tanto se percebe que ele deseja.

E aí, creio, que tristeza e beleza se confundem para nós, sujeitos passivos de ambas; uma e outra são contempladas, presenciamo-as, sentimo-as. E no entando nada fazemos – nada efetivamente podemos ou queremos fazer – com elas, que nos invadem, nos transgridem, nos fazem transgredir: para fora de nós, para além-nós. Ou simplesmente para “lá”, num lugar que é um pouco mais belo-triste.

Lógico que, infinitamente arrongantes quanto a nós mesmos, não suportamos ser passivos – não nos aguentamos, reles inconformados, nós! – e tentamos transgredir nossa própria transgressão de nós mesmos: transgredimos ad infinitum. Contemplamos a contemplação, ficamos tristes pela tristeza, e somos belos pela beleza.

Como agora. ! Em que contemplo a minha contemplação, fico triste pela beleza, belo por estar triste, escritor sobre o escrever, vivo para ser vivido, sou artista para poder ser arte. Viro sujeito ativo para poder validar a minha condição de sujeito passivo. E enfrento o infinitum.

E assim coloco as duas, tanto a beleza quanto a tristeza, num container infinito, mais ou menos como se eu colocasse o mar num observatório visível apenas do “subterrâneo”, sendo que a terra nada mais é do que a fronteira que nossa arrogância insiste em tentar transgredir.

E aqui, embaixo da terra, nesse texto-arte subterrâneo, eu passeio pelo infinito mar de tristeza e beleza, meio perdido meio alegre nessa caminhada contemplativa pelos oceanos e lagos que, enfim enfim, compõem esse eu-que-escreve, esse meu momento, estado em que me encontro: Esse eu triste.

10 de setembro de 2009

Amizade Sincera

Às vezes o meu quarto não é grande o suficiente e eu vou lá pra fora.

Então, percebo que também ‘lá fora’ é pequeno.

E vejo, num misto de susto e surpresa, que não é o meu quarto ou o meu jardim, ou o meu ‘lá fora’ que não me bastam; mas eu, que deixei de ser suficiente a mim mesmo.

Aí escrevo.

4 de setembro de 2009

(Rascunho) Friedrich (I) – A Angústia

Friedrich não conseguiu dormir.

Não era a primeira vez que via seu espírito se encher de culpa, mas sentia, de alguma forma, que agora era diferente. Jogar cartas com os seus companheiros, pelos quais simpatia era a última coisa que sentia, de nada adiantaria pra acalmar-lhe os nervos: recusou.

Seus mestres, amigos, pais; todos ecoavam na sua mente, seus ensinamentos e palavras a tentar conter a onda de angústias infinitas a qual era imposta sua mente. Divinos dogmas e certezas infundamentadas lhe eram evocadas numa vã tentativa de coforto. 'Inútil'.

Brigava consigo mesmo, sentia-se à beira da insanidade. Vivia o desconforto supremo - o humano - e a triste, enorme, tragédia que era o existir.

Por um breve momento, se lembrou de Shakespeare. Naquele momento, tudo que queria era não ser. Morrer, pensou, é melhor que este fardo de ser.

Fechou os olhos.

Reabriu logo em seguida.

As imagens revividas no seu inconsciente - ou seria consciente? - eram-lhe tão bizarras, tão indignas, tão cruéis. Sentiu-se enojado.

Levantou, passando pelas camas companheiras, observando todas as cúmplices e testemunhas do crime - 'nossa, pensou, que palavra anacrônica!' -, seu crime. Sabia que não podia contar com nenhum deles. Provavelmente, para eles, seu único crime seria essa onda de pensamentos "hereges" e "anti-morais" que ele agora cultivava; chamariam-no de “Cristãozinho”, apelido odiado que carregava escondido desde aquele incidente na Juventude...

Nas sujas e asquerozas instalações higiênicas da tenda, jogou alguns mililitros de água no seu rosto, numa misteriosa inocência, ao pensar por um centésimo de segundo que poderia se purificar. ‘A pureza, pensou, não cabe nesse mundo, nessa nação, nesse ano; melhor - a pureza não pertence ao ser homem.’

Voltou no tempo uns poucos séculos ideológicos e se machucou, com a lâmina de barbear mesmo. Punia-se. Mas sabia que era inútil, além de desnecessário. Tinha O traído, pensou, mas por que, ou como, poderia um auto-sacrífico servir-Lhe?

Não. Isso constituiria um erro. E sabia que nem uma lâmina, nem um chicote, nem a própria morte poderia curar sua angústia. Ou, novamente num retrocesso anacrônico, lhe purificar a alma.

'Precisava sair dali.' Temeu tê-lo dito em voz alta.

Tomou uma decisão - um lapso de consciência, finalmente! - e por um momento duvidou. Era impossível. E, muito mais que impossível, estava sozinho. E, mais que sozinho, estava vivo, o que, em primeira e última análise, significa que morreria.

‘Morto, não era nada.’

‘Morto, seria como o garoto.'

‘NÃO!’- gritou para consigo mesmo - ‘Era dez, cem vezes, um mlilhão, trilhão, infintas vezes pior do que o garoto. Seria capaz de qualquer coisa para dar a sua vida no lugar da dele.’

E adormeceu, entorpecido em pensamentos.

(Outubro 2008)

13 de agosto de 2009

Eu amo

O que é a comoção? O que é mover-se?
O que é ser, normalmente e sem se preocupar? Se o momento em que mais sentimos que estamos sendo é o momento anormal, é o momento excepcional, é o momento diferente? O que é ler, e se emocionar? E lembrar, revisitar os quartos bagunçados da nossa memória e encontrar uma carta de amor, um cartão de aniversário, um livro precioso?

O que é olhar para si, e se odiar por ter testemunhado a eternidade se dissolver e ter agido, covardemente, com a razão, ao invés de achar o fim do amor o maior absurdo de todos?
O que é ler uma carta antiga, de uma antiga "ela", ou de um antigo "eu", ou, até, de um novo "ele"? E se emocionar, e sentir falta, e saudades, e sentir, sentir, sentir, sentir, sentir?

O que é ter teu nome numa deidcatória de um texto apaixonado? Ou saber que tua eternidade ainda está por vir, numa certeza esperança de que um novo amor irá surgir. E mesmo quando este não se vislumbrar, os antigos hão de fazer companhia! Pois eis que és um sortudo, com teu nome eternizado pelos amores e experiências que tiveste, que sentiste, que viveste, que foste.

Que, no final das contas, és.

Eu sou, também o querer ser, mas o fui. O que eu fui continua a constantemente me moldar, constantemente me ajustar, me ajudar, me infernizar. O desprendimento total para com o passado é impossível, a tradição tem um porquê de ser.

Pois sou o que tradicionalmente sempre fui, somado às traições que cometi.

E me comovo, por entrar em contato com esse sentimento apaixonado, verdadeiro, e intenso, que novamente me faz viver, e viver aqui e agora. Ser.

10 de julho de 2009

Silêncio e Solidão, Uníssonos



Descobri! O radcial de 'Silêncio' é o mesmo de 'Solidão'.
Pois o silêncio não é a ausência de sons, e sim a solidão de um deles, apenas.

O silêncio é esse som, como um zumbido, constante, que é tão sozinho, que pode ser considerado um só som - um som . Por ser só, sozinho, é uníssono, e soa, a seu próprio ritmo e tempo, como infinitos sons iguais - quando na verdade é apenas um.

O radical de Silêncio é o mesmo de Solidão, pois a Solidão é o silêncio uníssono de infinitos sons iguais.

Quando és sozinho, e verdadeiramente sozinho - a ponto de tu mesmo te dares um descanso, e finalmente perceberes-te fora de ti -, uma mistura de silêncio barulhento e barulho silencioso te toma. És aí o hiato entre um silêncio e um barulho, um meio-termo, um lugar-comum. És aí o radical de Silêncio e Solidão, porque silêncio também é barulho. E solidão é o barulho uníssono de infinitos silêncios iguais.

19 de junho de 2009

não precisa fazer sentido

Ser o autor da própria vida.
Ser responsável pela condição presente e por todas as que a seguirão.
Ser responsável pelo mundo e por si próprio ao mesmo tempo e completamente.
Uma idéia, um novo mundo.

Aplicar consciência sobre o sofrimento é a maior arrogância.
E no entando parece força, e motiva.

Conscientizo-me, vendo o que não quero, e morro, como todos morrem.
Preparando-me para uma nova vida, vivo, e sou finalmente responsável?


Quantas vezes mais morrerei até que minha vida me pertença, até que possa eu dizer "Fui eu", o responsável por isso - o autor disso.

Transformar a vida num roteiro de teatro ao vivo dinâmico e bem-estruturado, não obstante sua inexorável desorganização e tragicidade.

É gostar do que se escreve antes mesmo de ter escrito. É desafiar a noção padrão de tempo e surpassar-se. É avançar no tempo, para poder olhar o futuro como se ele fosse passado e o presente como único futuro-passado, presente.

Não faz sentido, porque o tempo não é lá muito legal; ele não gosta de fazer sentido. Tanto é que, na maior parte do tempo, apenas diz-se dele um existir.

O tempo é, e é o que ele é, pois ele só exerce a função de ser. Nisso, o tempo se compara a Deus. Que é, e apenas é, por apenas ser, e ser o ser, ser o que é.

O tempo é um pouco parecido com Deus...
Ingênuo.

19 de maio de 2009

Escrita-Catarse



Tendo liberado-me da angústia, posso enfim trazê-la de volta. Encontro tanto mais dor que prazer, e isso mata. Tantas mais responsabilidades que gratificações. Tantos mais desencontros que paixões. Oscilo entre a insustentável leveza do ser e o peso mudo das palavras.

Não reclamo com o acaso, convivo com ele, e quase parece que o entendo. Tampouco queixo-me a Deus; há tão pouco tempo O conheço que não sinto sequer o poder de dele reivindicar qualquer coisa. Não me queixo de mim mesmo, pois, destituído do romântico sofrer, vejo-me inerte e irresponsável, insustentavelmente leve.
Queixo-me da própria realidade trágica das coisas, não por pessimismo, mas por falta de alvo melhor. Critico a impureza humana e a maldade. E vejo, com dó, que mesmo em mim encontro podridão (relutante em aderir às garras da hipocrisia, eu me critico).

É-se podre, e nem mesmo em mim encontro escudo à podridão. Somente no outro.

Entendo o auto-engano, mas e quanto à auto-perda? Que é eu, se eu não é diferente do resto? Quem é eu? E por que é tão difícil ter sequer bases pra essa pergunta?

O Fantasma é mártir por ser do único jeito que sabe - portanto natural e, a princípio, puro - e, no entanto, é taxado de nojento e criminoso. A inveja me corrompe assim como o faz o desejo sexual. Meras distrações, diversões, da dificuldade infinita de se ser o que se é. Peço ajuda, peço mãos, peço - agora sim - Deus.

Pois a mim mesmo nada posso exigir, se a pergunta em questão é exatamente quem é o eu - o mim mesmo. Dai-me forças. Dai-me identidade, dai-me algo no qual se agarrar enquanto essa fina e fraca pele a que se chama eu não se me configura clara.
Que minha arte forme o pouco que eu sou, pois nela encontro uma auto-imagem, o que significa que o auto- existe, e, portanto, eu, também, existo, pois só o eu tem um auto-.

Eu quero me auto-ser, e ser um auto-eu. Será possível? É esse o meu ideal estético kitsch? O meu platonismo condensado em sonho? Pera, eu tenho um sonho. E isso pressupõe um sujeito, um eu. Eu existo, pois tenho um eu e tenho sonhos. Se nada tenho, tenho no mínimo a consciência de nada ter e, mais!, também a vontade - e o sonho - de finalmente ter. De ser.

Eu sou a própria vontade de ser, no mínimo. Eu nasci por uma profunda necessidade de ser. E exerço aqui tal necessidade, em forma pura, em forma de desejo, de vontade. Eu sou, não o que eu quero ser, mas o querer ser em si. Eu sou o querer.

Schopenhauer, Nietzsche, Milan Kundera, Clarice, Sartre, o Fanstasma. Eu sou, pelo menos um pouco, a minha arte e o diálogo com toda arte que me antecedeu. Eu sou, no mínimo, Deus e a unidade universal. E aí eis que me perco, pois não mais me diferencio do todo, não mais caracterizo-me como eu, com um auto-. Mas agora me perco com a consciência de estar me perdendo, de ser, no mínimo, algo passível de se perder e, portanto, que se cogita encontrar.

Sou no mínimo algo que se perde com a vontade de se reencontrar.

18 de maio de 2009

Outono

Finalmente dei uma trégua à angústia, à raivosa tristeza de viver.
O sentimento, em si, permanece - quero que nunca morra! -, mas permito-me, pelo menos nesse exato momento em que escrevo, uma calma para pensar e admirar.

Pensar e admirar com calma é um dos maiores pequenos prazeres que existem.
E, pensando e admirando-me agora, por que é que chamamo-os de pequenos?

Se são, não só os maiores, mas - muito provavelmente - também os únicos.




Um brinde à chuva de outono - nem me recordava que estávamos no outono! -; um brinde aos sopros de vento (que pra mim constantemente parecem um sopro divino, empurrando-nos pra frente, com aquele friozinho que nos congela, mas que também nos renova); às nuances de pensamentos daqueles que têm o dom, e a maravilha, de conseguir pensar de uma maneira não-reta, não-geométrica; um brinde às pequenas - e às grandes! - palavras que nada fazem, a não ser se juntar (tais quais os átomos formam, numa ingenuidade só deles, toda a matéria que nos cerca, formam a vida humana as letras...); um brinde às universidades, aos trabalhos, às contas; às coisas adultas; à imaginação. À vida.

Pois eis que ela, eles, ele, Ele, nós, ou Eu - esse troço para o qual eu não tenho outro nome senão o artístico "Deus" - é, em sua imperfeição, perfeito.
Um brinde, então, às imperfeições, sem as quais nada seria perfeito.
Ao sorriso, e ao frio. Às carências, e ao amor.

Ao acaso, que é exatamente a mesma coisa que o destino.
Ao infinito, e ao belo.

Às reticências, e ao fim.

. . .
.
.

6 de maio de 2009

O ideal estético Kitsch, de Milan Kundera




Retirado de "A Insustentável Leveza do Ser", de Milan Kundera.
Sexta Parte: A Grande Marcha, 5:

"O debate entre os que afirmam que o universo foi criado por Deus e aqueles que pensam que o universo apareceu por si mesmo implica coisas que vão além de nossa compreensão e experiência. Muito mais real é a diferença entre aqueles que contestam a existência tal como foi dada ao homem (pouco importa como e por quem) e aqueles que aderem a ela sem reservas.

Por detrás de todas as crenças européias, sejam religiosas ou políticas, está o primeiro capítulo do Gênese, a ensinar que o mundo foi criado como devia ser, que o ser humano é bom e que, portanto, deve procriar. Chamemos essa crença fundamental de acordo categórico com o ser.

Se, ainda recentemente, a palavra merda era substituída nos livros por reticências, isso não se devia a razões morais. Afinal de contas, não se pode considerar que a merda seja imoral! A objeção à merda é de ordem metafísica. Defecar é dar uma prova cotidiana do caráter inaceitável da Criação. Das duas uma: ou a merda é aceitável (e, nesse caso, não precisamos nos trancar no banheiro), ou Deus nos criou de maneira inadmissível.

Segue-se que o acordo categórico com o ser tem por ideal um mundo no qual a merda é negada e no qual cada um de nós se comporta como se ela não existisse. Esse ideal estético se chama kitsch.

Esta é uma palavra alemã que apareceu em meados do sentimental século XIX e que, em seguida, se espalhou por todas as línguas. O uso repetido da palavra dez com que se apagasse seu sentido metafísico original: em essência, o kitsch é a negação absoluta da merda; tanto no sentido literal, quanto no sentido figurado: o kitsch exclui de seu campo visual tudo que a existência humana tem de essencialmente inaceitável."

8:

"A fraternidade entre todos os homens não poderá nunca ter outra base senão o kitsch."

9:

"O kitsch é o ideal estético de todos os homens políticos, de todos os partidos e movimentos políticos. (...)

12:

"Nenhum de nós é sobre-humano a ponto de poder escapar completamente ao kitsch. Por maior que seja nosso desprezo por ele, o kitsch faz parte da condição humana."

29:

(fala-se sobre inscrições em tumbas, e o que resta após a morte)
"Antes de sermos esquecidos, seremos transformados em kitsch. O kitsch é a estação intermediária entre o ser e o esquecimento."

2 de maio de 2009

Peut-être je ne sais pas comment vivre sans peine.

Mais, je suis sûre, je n'ai jamais été plus joyeux.

Ma félicité est seulement différent, c'est ça.

Je vais hurler une fois plus.

___
Edit: Je n'ai pas aimé cette post. Trop dépressif.
Dans quelque jour, j'écris un chose plus à moi.

30 de abril de 2009

Kann.

Quando o ódio é a única forma pela qual se me ama (porque ódio e amor são a mesma coisa em módulo), que me resta, se a base da minha religião é o amor?

Se o choro é tão mais espontâneo que o riso, onde há de se encontrar o prazer, senão em meio à própria dor?

E a tortura divina é que tudo parece tão belo. Ficamos tristes quando uma coisa é bonita, ou ficamos bonitos quando uma coisa é triste? Parece que a Beleza, com maiúscula (que inclui a minha própria), só me surpreende para reforçar a minha feiúra.

E se a própria arte vira um nojo sem qualquer contato com Deus, como hei de (re)produzi-Lo?

Eu agradeço o choro e a dor. São dos mais verdadeiros consolos que há, pois, na solidão e na ausência, tudo é inerte à dor. É, ao mesmo tempo, o congelamento e a confirmação da Inércia.

Tudo pára, ao passo em que tudo continua.

24 de abril de 2009

A quai

Música, calma, tristeza, hiato.

Uma arte melancólica.

Merecia uma foto, e não palavras.
Quando eu achar a foto, coloco.

23 de abril de 2009

Sim, tem a chuva



Mas eu não nego a beleza de um dia ensolarado.

22 de abril de 2009

A calma

A calma é um ócio com felicidade?
Não sei. Mas sei que posso fechar os olhos e só respirar.

2 de abril de 2009

1 de abril de 2009

Deus


Você falou que a gente fica triste quando uma coisa é bonita, ou que a gente fica bonita quando uma coisa é triste?

Café é bom.


Como nenhum texto teve título até agora, eis um que é apenas isso.