30 de abril de 2009

Kann.

Quando o ódio é a única forma pela qual se me ama (porque ódio e amor são a mesma coisa em módulo), que me resta, se a base da minha religião é o amor?

Se o choro é tão mais espontâneo que o riso, onde há de se encontrar o prazer, senão em meio à própria dor?

E a tortura divina é que tudo parece tão belo. Ficamos tristes quando uma coisa é bonita, ou ficamos bonitos quando uma coisa é triste? Parece que a Beleza, com maiúscula (que inclui a minha própria), só me surpreende para reforçar a minha feiúra.

E se a própria arte vira um nojo sem qualquer contato com Deus, como hei de (re)produzi-Lo?

Eu agradeço o choro e a dor. São dos mais verdadeiros consolos que há, pois, na solidão e na ausência, tudo é inerte à dor. É, ao mesmo tempo, o congelamento e a confirmação da Inércia.

Tudo pára, ao passo em que tudo continua.

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