23 de abril de 2010
Eu-que-canta
17 de abril de 2010
6 de abril de 2010
Feriado implanejado
Chove tanto. O dia foi todo feito de ócio, de não-fazeres, de dormir acordado. Meio bicho preguiça, meio adolescente apaixonado: tempo estranho, devagar mas rápido, gostoso mas vazio. Talvez, se houvesse rimas, uma poesia calma. Fechar os olhos: o metabolismo lento, um primeiro ciclo do sono. A vontade, já dormente, de sonhar. Um dia de anarquia, de inútil e improdutivo reinado. Ao lado do cavalo, mas ele só olha; e você, sem espora. Inspira o ar, segura-o, ouve o coração desapressado, respira primeiro na barriga, depois um pouco de ar no pulmão, ao mesmo tempo que um sorriso. Sonolento, passivo, balançante. A cabeça inclina, pára, vira. Não há rumo, não há determinação, meta. Uma espécie de liberdade comatosa. Vez ou outra se respira com mais intensidade, se ajeita a postura, se busca mais energia, ou mais desejo. Mas se volta: os músculos, e também os da alma, não permanecem tensionados. Nem chamar a nostalgia, amiga dos silêncios lentos, excita-a: a mente parece dormir, como que acudindo àquele pedido dos dias estressados, “chega de matemática”. Só resta – resta o quê? Resta um. Uma unidade de eu. Não as várias que, normalmente despertas, brigam sem parar entre si. Mas apenas uma, pacífica e soberana. O feudo de A Bela Adormecida, esperando: pelo princípe, ou pela maldição? Lá fora as pessoas morrem. A terra lhes sufoca o grito, e eu aqui tomado pela Terra.? Mas chove tanto!