29 de setembro de 2015
28 de setembro de 2015
Amor-poema em língua estrangeira
Às vezes a beleza de um amor não está nos significados das palavras, mas nos sons que suas rimas produzem. Nesses casos, é comum que o poema seja tanto mais belo quanto menos se o compreende.
As marcas nas nossas paredes
É um fato inconveniente que nossas opiniões, em sua maioria, sejam formadas em grupo. Nossa época carece de histórias opiniantes mais íntimas, e portanto mais individuais, para fazer frente a esse indecente mimetismo. Teríamos muito a ganhar com recorrentes décadas sabáticas na caverna — só assim poderão nossas pinturas rupestres ganhar a vermelhidão profunda que caracteriza os conhecimentos de sangue. Até lá, nossa ciência permanecerá neandertal.
Na dor, mas não pela dor
Algumas potências se escondem em arbustos espinhosos. Não devemos, por causa disso, amar os espinhos.
Duas paixões do encontro
Às vezes encontramos na do outro ecos da nossa própria voz. Disso pode resultar encanto soberano ou desprezo asqueroso. Não espanta, então, que o artista relate alegrar-se. E o burocrata, ofender-se.
Parindo adultos
Nem todo leão esconde atrás de si uma criança. A nós, cirurgiões da alma, cabe abrir-lhes a barriga e descobrir. Não à toa nos pagam tanto: o risco é alto, mas, quando bem sucedida a operação, o paciente sai outra pessoa.
Educação religiosa
É sempre melhor dialogar com si mesmo do que recriminar-se. Somos, afinal, nossos próprios filhos.
Em adição às potências anteriores, não substituição
No reino do não, aprende-se o sim almejando liberdade — evitemos novas ditaduras, de onde quer que venham.
Novos mundos exigem novas defesas
Quem foi criado na privação precisa ter muito cuidado com a abundância. Falta-lhes a melanina com que se filtra as alegrias solares —; entre os albinos de afeto, qualquer carinho pode se tornar queimadura.
18 de setembro de 2015
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