26 de fevereiro de 2018
21 de fevereiro de 2018
Apagando
De dor e de desgraça são feitas as tempestades da solidão. A enchente que vem apaga todas as labaredas do espírito. Apenas o breu sobrevive. Mas logo ele também ruirá. Apenas o silêncio sobrevive. Mas logo ele também gritará.
A escanteio
Quem se acostuma a ficar de lado periga definhar. Não somos plantas: precisamos ir até nossa água. A inação nos secará.
Eclipse da alma
Para tapar a luz requer-se objeto muito menor que a fonte luminosa e também muito menor que o alvo iluminado. Um simples galho é capaz de tapar um sol. Nós, seres de luz, precisamos de múltiplas lâmpadas, para reduzir a chance de sermos obscurecidos.
Tempestade em copo d’água
Aquele ali é ainda mais sozinho: sequer tem a própria companhia. De si mesmo é abandonado.
Murmúrio afogado
Gritar é uma capacidade. Quem não consegue se fazer perceber corre perigo de assozinhar-se permanentemente.
20 de fevereiro de 2018
7 de fevereiro de 2018
Ódio fraternal
Fazer espetáculo da própria tristeza — isso é coisa de poetinha miserável!. Nós, filósofos, fazemos da nossa tristeza teoria. Não a transformamos em objeto para ser fruído, mas em lente com que se frui. Nada escapa às nossas distorções; tudo, tudo há de ser maculado pela tragédia das nossas entranhas. Com olhos sedentos de vingança invocamos nossa força como fosse elemento primordial de Gaia. Conhecemos nosso poder e nossa capacidade de persuasão: há séculos o mundo segue nossas pegadas tristes, pois o único ser mais burro que o filósofo é — — o povo. "Aquele que segue". Ratos de nossas flautas!
Ah, se ao menos soubéssemos usar nossas flautas para compor! mas não. Fungos que somos, não fazemos senão decompor. Somos os responsáveis por, pouco a pouco, destruir cada pedacinho luminoso da alma humana. Nosso "projeto"? Morte sublimada. Para que a humanidade floresça,
Nós, filósofos, precisamos morrer.
5 de fevereiro de 2018
Era da insuficiência
Deve-se acordar com um propósito. Banana Pancakes é um sonho juvenil de nossa geração presa em escritórios. Mas a fuga que não se torna propósito de vida — como a de um encarcerado ou de um escravo — só ajuda a manter preso. A liberdade é um valor instrumental. Ideia útil enquanto não a temos; uma vez atingida, torna-se mero cimento sobre o qual nossos pés se hão de equilibrar. Mas e nossos olhos — — enxergam o quê? Para onde se volta nosso pescoço? Descurvemos o coração, queridos amigos, e encontremos livros que de tão bons nos façam acordar com um sorriso na cara. O quê?, — não existem? Ora, mais um motivo para despertarmos: é hora de escrevê-los!