20 de maio de 2010

leitoras leituras

Na palavra seguinte já não estava mais lá. De repente, o que estava “lendo”, aquilo que circulava entre a parte sensorial e a verbal da consciência, não conversava com o sujeito que havia escrito o livro ou com aquele que, por mera inércia, ainda o tinha nas mãos e a retina às palavras direcionada – surgira um terceiro elemento, estranho à situação, mas interno ao corpo dono das tais mãos e retina (percebe: só se pode ser leitor à “interrupção” da leitura). Em suma: não estava mais lá.

Pra onde havia ido?, já o saberia, enquanto puxava do bolso o celular que serviria de papel à narração da experiência literária que vivia, tão incrível era que merecia tornar-se, em tempo real, uma outra (“é mais ou menos pura agora que é metalinguística?”).

Pois tinha ido – e continua a narração – à exploração do que sentia, primeiro inconsciente, depois conscientizadamente. A primeira coisa que percebeu, de que a consciência se apropriou, foi, em imagens: Infância e Corpo. A memória, em vez de criadora, passou a ser batedora, explorando um passado há um segundo adormecido: na infância, o corpo funcionava diferente. Isso é percebido num campo não-verbal, está sendo sentido, a memória é ativa, não escrava da razão.

Percebê-lo foi de uma beleza bonita.

Repreendida a normal antiga repreensão, sentia de novo o que sentia: jogava bola, e queria ganhar, precisava ganhar, e empenhava suor e energia – vontade. Tinha ido para lá: à vontade inexorável e tão prazerosa de um pirralho de roubá-la, driblar, chutá-la. Não foi gol.

4 comentários:

  1. Rotemberg, S. "Leitoras leituras" in COMO TRUCIDAR UM LEITOR - 2010 Rio de Janeiro

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  2. Há vida, de verdade, na experiência leitora.
    Gostei do texto!

    (Talvez eu dissesse, além disso, que eu gostaria de alguma simplicidade na escrita; mas não sei se é justo dizê-lo. Por isso não digo.)

    ;)

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  3. ...traigo
    sangre
    de
    la
    tarde
    herida
    en
    la
    mano
    y
    una
    vela
    de
    mi
    corazón
    para
    invitarte
    y
    darte
    este
    alma
    que
    viene
    para
    compartir
    contigo
    tu
    bello
    blog
    con
    un
    ramillete
    de
    oro
    y
    claveles
    dentro...


    desde mis
    HORAS ROTAS
    Y AULA DE PAZ


    TE SIGO TU BLOG




    CON saludos de la luna al
    reflejarse en el mar de la
    poesía...


    AFECTUOSAMENTE
    STEFAN


    ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO DE BLADE RUUNER ,CHOCOLATE, EL NAZARENO- LOVE STORY,- Y- CABALLO, .

    José
    ramón...

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