4 de março de 2023

Cheio de breu

Eu não tenho medo de morrer, mas eu morro de medo de me matar. Não se preocupe: eu não tenho a personalidade suicida e, além do mais, tenho promessas que me ancoram. 

Gosto de pensar que amo a vida — é possível! Afinal, os amores sempre testam os nossos sentimentos. A verdade é menos poética do que desejamos.

Felizmente, o amor é sobretudo uma escolha. E, embora eu tenha desistido de quase tudo na vida, tenho orgulho de dizer que nunca desisti do amor. Nele, e talvez somente nele, eu me fiz sólido.

Se algum dia eu padecer, pode crer que foi de vergonha. Não de desamor. A vergonha, e ela somente, me enegra. Até a culpa eu lhe prefiro: motivo pelo qual tantas vezes me escondi nesta para fugir daquela. Inimigo maior —— ainda não encontrei. A vergonha é meu dragão; volta e meia eu me pego sem espada.

Não duvide quando digo que lhe escrevo equânime. Escrever, pra mim, é o oposto de se envergonhar. Se escrevo, estou ganhando. Mas se algum dia eu parar de escrever, se algum dia eu parar de praticar, se algum dia eu parar de viver, pode crer que a vergonha me venceu. 

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