27 de janeiro de 2017
Paciência, pero no mucho!
23 de janeiro de 2017
Prece tardia
22 de janeiro de 2017
Clara apologia
O motivo pelo qual tenho acordado de tão bom humor é que tenho sonhado. Coisa estranha aconteceu à minha amiga, que comigo experimentou a melatonina: teve pesadelos, horríveis pesadelos, e se arraivou de mim quando lhe contei que era esse um dos efeitos, e afinal motivos, da substância. Ocorre ser a melatonina, diferentemente de alguns remédios, não uma fuga mas o seu contrário: ajuda ela a não fugir dos sonhos (e, sim, também pesadelos), portanto, a não fugir de si. Com isso recebo ajuda para ir ao meu encontro. A melatonina é o meu óleo de coco.
21 de janeiro de 2017
Fala a alma de artista
16 de janeiro de 2017
Duas galáxias conversam
"Mas eu amo o teu fogo — quem não se queima não vive. Não confias na minha capacidade de sobreviver? Ora, achas-te tão maior que eu assim? Como poderei compartilhar contigo o que me dói, se nem a ti mesmo pareces aguentar?"
"Não nascemos para o fogo, querida. Poupo-te assim. Soframos menos."
"Claramente não entendes do sofrer. Vive e queima! — assim dita meu evangelho. Na vida não tenho medo senão de me acinzentar — nada que é vermelho me enfraquece. Acaso pensas que te amo as partes apagadas? Queima comigo, meu amor! É tudo que te peço. Do mundo faremos gloriosa fogueira."
"Tinha razão o sábio: diamante e carvão não se dão — pois embora os dois brilhem, só um sobrevive à combustão."
"Sinto muito. Vou."
"Eu mais ainda. Vai."
Gatunos na dor e no amor
As garras mais afiadas são retráteis. Duas lições há aí: primeira— mansidão é algo que se finge; segunda— arranhadores ferozes também acariciam.
13 de janeiro de 2017
Advinhar o mundo
Cartomantes do destino somos nós. Tecelões da realidade, costurando impressões — preguiçosamente curiosos somos nós, dos deuses roubando ~ aos homens e-levando. Poetas somos nós!, urubuzando os cientistas, apenas o suficiente para satisfazer-nos a alma. Filósofos somos nós, da barriga pensadores, ar negro expiramos conforme filtramos os brilhos — ex-cegos somos nós!, acavernados em nossa pequenez, de sombras gigantes os ventríloquos; em tudo bruxos, a tudo feitiços. Nossa incompreentude é nossa tolice favorita. Mas que seriam os grandes homens — sem nossa diversão?
Lição de a anos-luz
Não se preocupe com o brilho. Para ser estrela é preciso em primeiro lugar que exploda.
Caridoso com as próprias violências
Não sejamos duplamente maldosos: nós, que somos maus por natureza, devemos — em nome da bondade! — preservar nossa maldade. Amá-la! Com isso incentivamos a bondade nos bons, pois tudo que é fiel à sua natureza aumenta a esperança no mundo, mesmo quando pareça destrui-lo.
Melhor dizendo: mesmo quando o destrua.
Quando um mau censura a própria maldade, duas maldades foram cometidas. Fazer tanto o bem quanto o mal — sem censura! Essa é a nossa receita para um mundo que padece de insinceridade.
Melhor dizendo: essa é a nossa receita para um mundo que padece.