Nosso amor era de uma cronologia epistolar. Não se pode apressar o sentimento como não se pode apressar as cartas. Vêm e vão no seu próprio tempo, indiferentes às nossas ânsias e pressas. Como um rio recém-nascido: à medida que corre vai abrindo as margens que imediatamente passam a lhe dar forma. Assim é o nosso amor em relação a nós mesmos: antecede-nos e, uma vez nascido, jorra com força criando nossas margens. Não se pode apressar um rio nem à força fazê-lo nascer. Nossa tarefa é aprender a amar o nosso destino, que é ser mar. Sem pressa e disposto a tudo receber.
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