"Durante meu período no Pinel, pediram-me que anotasse todas as vezes que eu sentia raiva. Isso fez com que minha auto-percepção diante dela aumentasse e, assim, eu me tornasse capaz de lhe reagir. Aprendi que a liberdade pré-requer uma série de coisas, incluindo a capacidade de perceber os próprios estados mentais antes que eles "tomem conta": pois não somos os nossos estados mentais, mas o que se lhes encontra debaixo do véu, por assim dizer — eu não era a raiva, mas aquilo que era por ela preenchido, possuído, dominado. Aristóteles não estava tão errado assim ao afirmar que cada substância possuía um substrato: somo-lo mais que aos nossos sentimentos, pelo menos.
Todos esses aprendizados, enfim, ajudaram-me a ser mais do que a minha raiva. Ocorreu portanto uma superação de mim mesmo. E hoje a raiva, se não me é doce, tampouco é amarga."
"Talvez devêssemos aplicar a mesma dedicação, o mesmo espírito, nas nossas outras emoções. Talvez toda a vida até aqui tenha sido senão engatinhar diante de nosso propósito divino, que é correr."
"De fato, não me surpreenderia se algum de nós, além de correr, voasse."
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