14 de março de 2018

Vidas despensadas

A tragédia não está tanto em ter poucas horas disponíveis para o pensamento, mas em sistemática e intencionalmente remover o pensamento das horas de que dispomos. É preferível uma sociedade em que o pensamento tem direito a quinze calmos minutos (ainda que se trabalhe o resto do dia inteiro!) do que uma utópica sociedade de lazeres em que a vigília é toda divertida para longe do pensar. A esse sonho absurdo de nossa adolescência pré-envelhecida — cuja imaginação só comporta uma espécie de aposentadoria de welfare — devemos opor todo o nosso desprezo e nojo. Precisamos imaginar envelhecimentos melhores! Morramos cedo se necessário, mas não deixemos para pensar depois.

Nenhum comentário:

Postar um comentário