10 de abril de 2018

Ufa!

Vocês estão me entendendo? Para ser grande, e integralmente grande, são necessárias recaídas na pequenez — e nesse contexto isso significa: recaídas na animalidade. A grandeza da alma, como toda outra, precisa ser administrada. Contrastada com o seu oposto, investida, trocada, usada. Nosso século precisa atualizar a metáfora da guerra: trata-se de guerra econômica. De tornar valiosos os nossos recursos, de encontrar curvas óptimas de desempenho e satisfação, de criar tantas rotas comerciais entre nossos múltiplos eus que entre eles se estabeleça tão forte interdependência que se não possa sequer conceber algo como aniquilação bélica. Intra-deterrência mútua, isto é: paz por meio do excesso de força. À medida que a inteligência arma suas ogivas nucleares, nossa animalidade espreita: espere retaliação. O homem do futuro não é santo no sentido tradicional: não é apenas um homem melhor do que todos os homens em ser homem, mas também supremamente animal. O universo é feito do contraste entre a escuridão primordial e a insistência épica das explosões estelares: também nós seremos iluminação e breu, ascenção e queda, animalesca moralidade e ânima imoral, intensamente adultos e jovialmente infantis. O infinito se conquista por meio da compreensão da escassez. 

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