26 de dezembro de 2012

Mais animal

Eu não suporto as tuas poesias elevadas e certinhas, em que você vai lá “brincar com as palavras” e vai torturando elas até elas ficarem dóceis e perder toda a força. É isso: as suas poesias não têm força – ficam falando e falando do céu, do mar, das nuvens e das estrelas, dessa beleza escrota e maltrapilha com a qual você flerta, porque é incapaz de encontrar beleza aqui no chão e no teu próprio corpo. Com um corpo imundo desses, de fato, eu entendo a tua dificuldade: também eu o escavei e nada encontrei. Entre as tuas pernas, nenhuma abertura: lisa e brilhante como uma boneca americana, sem passagem, sem caminho. Pra chegar até você, como faz? É por cima? Através desses céus que você pinta com as tuas palavras estéreis e ingênuas? Você quer o quê? Que um cavaleiro das nuvens descenda dos reinos divinos e te estenda a mão, amando-te assim à uma distância segura, lá no alto? Ah, por favor! Como você faz amor? Porque a impressão que eu tenho é que você é incapaz disso; você já ficou nua? Porque, em todas essas vezes que você se desacobertou, parecia que tinham mais e mais camadas de palavras e sentimentos fraquinhos e debilitados com os quais você se esconde, profundamente, muito profundamente se esconde. Cadê tua nudez, cadê? Como você vai fazer amor, assim? “Pelas palavras”? Mas, pelos céus! Amor a gente faz com caralho e boceta! Arranca-te desse céu que não te pertence – arranha-te, morde-te, machuca-te, vive, ama. Porra! Dor de cabeça escrota.

7 comentários:

  1. Acho que do jeito que você escreve pra essa pessoa, realmente você nunca vai saber como é o sexo dela. Acalma-te. Sopa se come pelas beiradas, isso se estiver com fome, é claro.

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  2. O comentário anterior fez minha semana! "Oliveira" sacou tudo! Rss..
    Oh, inpathos, está aí declarado: teu problema é falta de boceta. Engraçado, pois eu estava achando que era falta de bolas...
    Belíssimo texto. Belíssimo.
    Engraçado como você escreve umas merdinhas aviadadas e logo em seguida escreve algo que presta.

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  3. A gente come sopa pelas beiradas, porque a sopa é quente demais - nos queimaria começar pelo centro. O problema dessa pessoa pra quem eu escrevi é o oposto: ela é quente demenos! Mas, não, eu definitivamente não quero comê-la. Na verdade, foi bem engraçado imaginar essa possibilidade de leitura: você, Luan, pareceu extremamente preocupado com a maneira como eu abordo tudo isso e eu só posso crer que é com muita classe que você o faz na sua vida, com as suas mulheres. Mas definitivamente, definitivamente, eu não quero saber como é o sexo dessa mulher.

    Agora, John, quanto a isso indicar falta de boceta, ou quanto a indicar qualquer coisa, sinceramente.... eu não entendo. Independente de ser verdade ou não, de onde vem o seu prazer em apontar isso? Você se conforta no seu conhecimento superior que você tem de mim - em me conhecer melhor do que eu mesmo me conheço? Ou é um prazer sádico apenas, de querer me alfinetar com essas declarações rochosas e risadas assediantes? Ou, ainda... esse é o seu jeito de se importar com as pessoas? Porque, sendo isso, é um jeito estranho. Mas você sabe disso, assim como sabe que o seu gosto é extremamente previsível: era óbvio que você iria gostar de um texto desses - ele é pedregulhento, como você. Nessas horas eu fico muito feliz de conseguir escrever merdas aviadadas.

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  4. Calma chefe! É legal como as pessoas sempre se comovem quando a gente fala delas. Não sei se vc costuma ler blogs, mas a parada é assim: se vc le um texto foda, com a marca do autor, q ngm mais poderia ter escrito, e fala sobre esse belissimo texto, em geral vc recebe um emocionado "vlw cara". Qnd vc experimenta falar do autor, vc tem respostas deliciosas como as suas. Elas confirmam ou mesmo negam as merdas q vc escolheu escolheu comentar, mas mesmo assim é tão bom. É bom ser capaz de criar diálogos dessa forma.

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  5. Hahah Stefan, não tenho mulheres, e não creio que o ponto aqui é fazer isso com classe ou não, e sim, o modo como você escreve. Pense bem, este texto nem me parece ter sido escrito por você, que sempre mantem uma linha de raciocínio lógica e calma, e agora vem com este texto cheia de palavras pesadas e uma critica extrema por alguém ser fria nas suas relações.

    Quanto você não querer a pessoa, tudo bem, mas isso não ficou claro no texto.

    Não que eu discorde de você sobre ser um saco uma pessoa assim, apenas me admirou o modo como escreveu isso.

    Concordo com o John, acho que é muito válido estimular esses diálogos, porque além de ser engraçado, aprendemos uns com os outros. ;)

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  6. Eu me interesso muito pelas intuições que temos a respeito de quem as pessoas "realmente" são: acho que é a partir delas que identificamos nossos amigos. Eu adoraria, então, saber mais sobre esse Stefan que você conheceu, que mantém uma linha de raciocínio lógica e calma (?). Mas, mesmo que o verdadeiro Stefan não pudesse escrever esse texto, é importante - principalmente aqui, nesse blog - que os outros stefans (inclusive os farsantes, personagens, atores e bonecos) tenham também seu espaço. Eles também são parte de mim, afinal.

    (Não que eu concorde que o verdadeiro Stefan seja lógico ou calmo. E, a propósito, se você procurar, certamente vai encontrar outros exemplos de textos com palavras pesadas e críticas extremas por aqui...)

    E vocês têm total razão quanto a esses diálogos. Na verdade, eu me envaideço muito pelos comentários que são feitos aqui: é um motivo de orgulho real a maneira como eles me afetam. Sinto, mesmo, que essas conversas não seriam possíveis em nenhum outro lugar. Sou muito grato por tê-los aqui comigo.

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  7. E também, claro, é ótimo que todo mundo aqui concorde que esse tipo de pessoa - que eu critiquei no texto - é um saco.

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