10 de fevereiro de 2017

Dar à luz em várias vozes

Na vida haverá momentos em que ficaremos nervosos e nossas mãos tremerão, incapazes de se conter em si mesmas — e nesses momentos, como em todos os outros, há que se escrever. E há os escritores que só escrevem quando nervosos. Embora admiremos essa capacidade de segurar firme a pena apesar dos tremores, temos de nos lembrar que a vida escreve em todos os momentos, não só quando urge, e se quisermos escrever nossos livros como Deus escreveu o mundo teremos que nos tornar escritores ambidestros. Pois a ânsia e o desejo e a alegria e o tremor — essas são coisas que se tem e que não se tem. Você, meu amigo, está perto de conseguir escrever com raiva e eletrizante tesão — mas, lembre-se, a calmaria é tão maternal quanto a tempestade. Nesse seu caminho, você terá que aprender a ser como mar: e isso inclui suas ondas as mais altas mas também seus momentos de laguidão onde a sua alma é o maior espelho do céu. Não será fácil e sentiremos falta de nossos tremores, agora que depois de tanto custo nos acostumamos a eles, mas mire a si mesmo nos olhos e reencontre aquela grandeza domadora de chamas que existe dentro de você: aprenda consigo próprio a paciência.

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