12 de fevereiro de 2017

Os nãos que preparam o sim

Entre dois encontros há um hiato insuportável, durante o qual viajamos desacompanhados por longas eternidades. Cuidemos, porém, para não nos precipitarmos em meias companhias, por receio de que o sol do outro nunca mais brilhe. Em vez disso, devemos nos agasalhar, como quem se prepara para longo inverno, e acumular solidões. Entesourar!: isso nos pede o poeta. Calmamente depositamos fé no futuro, seguros de que, tal como o verão, o grande encontro virá. Nossa solidão é a energia potencial da nossa alma: transborda tão logo encontra vale profundo o bastante onde se derramar. Até lá, nossa tarefa é engrandecer e tanto maiores nos tornamos quanto mais solidões comportamos.

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