27 de fevereiro de 2017

Péssimos ontólogos

Toda educação pode ser resumida à compreensão de metáforas, pois nossa teia — isto é: nossa linguagem — é teia de metáforas. Julgue a inteligência de seus pares pela forma como compreendem ou não as analogias e os jogos de palavra e acima de tudo preserve perto de si aqueles que são habilidosos em criar boas metáforas, aqueles para quem nenhum campo é distante o suficiente que não possa ser comparado a um outro um pouco mais próximo, para quem todo bosque da cognição é florido mergulho em jardim de sensações intelectuais — e sensações intelectuais são metáforas!: a mente sentindo o que não está ali mas poderia. PODERIA: esse é o verbo metafórico por excelência. Nós, os metafóricos, abdicamos de dizer o que as coisas são para nos dedicarmos ao que elas poderiam. Do mundo todo somos artífices! Criamos, com nossas analogias e brincadeiras e versos (alguns diriam: nossas mentiras), as mais belas pontes entre as coisas.

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